Preço da arroba deve continuar elevado em 2020
“Cada 1 quilo de carne a
mais na China representa um impacto equivalente à exportação do Brasil
todo"
O preço da arroba de
carne bovina deve continuar em níveis elevados no próximo ano, se ajustando a
um novo patamar em relação a 2019 em meio à elevação da demanda por proteína da
China e de outros países asiáticos, disse nesta quinta-feira o vice-presidente
financeiro da Marfrig, Marco Spada.
“Atingimos um novo
patamar de preço, tem algum espaço pequeno para cair, mas deve continuar
elevado”, disse o executivo durante lançamento da marca global de hambúrguer
vegetal da companhia, a Revolution.
Ele afirmou que o
preço da arroba bovina, que estava em 150 reais em agosto, pulou para 225 reais
mais recentemente. Questionado sobre sua expectativa para o próximo ano, ele
estimou que o preço poderá recuar para entre 180 e 185 reais, se mantendo em
cerca de 20% acima do nível verificado em meados deste ano.
“Isso é um efeito
estrutural, o consumo per capita na China já vinha subindo por causa do aumento
da renda e acelerou depois da peste suína africana”, disse Spada, acrescentando
que o consumo de carne bovina dos chineses é de 5 quilos por habitante por ano
ante 40 quilos de carne suína.
A doença dizimou
milhões de suínos na China obrigando o país a ampliar importações de proteínas
de múltiplas fontes, incluindo a bovina.
Segundo a Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o Brasil caminha para
quebrar seu próprio recorde de exportações de carne bovina em 2020. Embarques
brasileiros de carne bovina devem terminar 2019 com um recorde de 1,828 milhão
de toneladas, uma alta de 11,3% em relação à máxima anterior, de 1,643 milhão
de toneladas, registrada em 2018. No próximo ano, porém, a marca deve voltar a
ser batida, com um avanço de 13% no volume de exportações do produto, para
2,067 milhões de toneladas, segundo estimativas da entidade.
“Cada 1 quilo de carne
per capita a mais na China representa um impacto equivalente à exportação do
Brasil todo”, disse Spada, da Marfrig, que tem 13 instalações de abate
habilitadas para exportações à China, depois que o país deu autorização para
mais duas unidades da empresa em meados de novembro.
O executivo afirmou
que o lançamento da marca própria de hambúrguer vegetal também se insere no
contexto de aumento da demanda asiática por proteína e por isso a Marfrig vai
embarcar em janeiro um primeiro lote de 10 toneladas do produto para
distribuidores chineses. Ele não fez projeções para as exportações, mas afirmou
que a companhia “tem no radar conversas avançadas” para envios para a Europa e
trabalhado em exportações para o Uruguai.
O Revolution é
produzido na fábrica da companhia em Várzea Grande (MT), em parceria com a
norte-americana Archer Daniels Midland. O produto é feito a partir de proteína
de soja. A parceria foi anunciada em agosto, um mês depois que a também
norte-americana Tyson Foods lançou seus primeiros produtos vegetarianos,
visando competir com as rivais locais Beyond Meat e a Impossible Foods, que
atendem à crescente demanda por alternativas vegetais à proteína animal.
Além da Marfrig, no
Brasil, hambúrgueres que se propõem a ser substitutos da carne animal e são
100% feitos com vegetais são produzidos por empresas como Seara, do grupo JBS,
Fazenda Futuro e Superbom. A BRF anunciou em novembro que vai lançar uma linha
de proteína vegetal em 2020.
No caso da Marfrig,
que é a maior produtora de hambúrguer do mundo, a empresa iniciará a
distribuição do Revolution por meio de clientes da área de food service,
incluindo a rede de restaurantes Outback. O produto deverá chegar a
supermercados no decorrer do primeiro trimestre e deverá ser seguido por outros
ainda em 2020.
Fonte: Agrolink