Ruralistas pregam boicote ao Carrefour após CEO falar em parar de comprar carne do Mercosul

Ruralistas deram início a uma campanha para boicotar o Carrefour após o CEO global, Alexandre Bompard, afirmar que a empresa vai parar de comercializar carne do Mercosul, bloco econômico do qual o Brasil faz parte.

A declaração do executivo foi feita por meio de uma carta, publicada em suas redes sociais e direcionada ao sindicato agrícola francês. O comunicado fala em "risco de inundação do mercado francês com carne que não atende às suas exigências e normas".

Diante da repercussão, lideranças do agro começaram a se movimentar. O ex-ministro da Agricultura Antonio Cabrera divulgou uma publicação em seu site que defende boicotar os produtos do Carrefour no Brasil.

Diz o texto:

"Como eu creio que o presidente do Carrefour deve ter faltado a principal aula de governança corporativa, onde 'fazer amigos é o nosso negócio, não inimigos', ele resolveu esquecer seus consumidores e abertamente tornar seus inimigos milhares de pecuaristas no Brasil. [...] Essa é a solução para esse tipo de atitude irresponsável. Iniciar um boicote ao Carrefour no Brasil. [...] Essa é uma batalha que devemos nos envolver sem remorso".

O deputado Ricardo Salles, integrante da Frente Parlamentar Agropecuária, publicou em seu perfil no X que "a partir de hoje, na minha família, não se compra mais nada no Carrefour".

A senadora Kátia Abreu, ex-ministra da Agricultura, também defendeu o boicote. Em suas redes, sugeriu que que "as famílias do Brasil boicotem compras no Carrefour mostrando união do nosso país".

O Ministério da Agricultura e da Pecuária, em nota, também rechaçou as declarações do CEO do Carrefour e ressaltou "a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais".

O episódio ocorre cerca de um mês após a polêmica envolvendo a Danone. Em outubro, um diretor disse à Reuters que a empresa deixaria de importar a soja brasileira. A declaração suscitou uma reação do agro, com lideranças e entidades pregando boicote aos produtos da Danone. O setor só acalmou depois de três posicionamentos da multinacional reforçando que as informações eram imprecisas e que continuava comprando a soja brasileira.

Fonte: Lauro Jardim/O Globo

Categoria:Agronegócio

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