Sem estimar perdas pela geada, produtores mantêm otimismo com milho no MS
Produtores rurais e especialistas ainda não conseguem avaliar
com clareza as eventuais perdas na safra do milho safrinha causadas pelas
geadas que atingiram a região sul de Mato Grosso do Sul na semana passada.
Contudo, consideram que o respeito ao zoneamento agrícola possibilitou salvar a
maior parte das lavouras do Estado e mantêm otimismo com a colheita, estimada
em 10,127 milhões de toneladas no mais recente levantamento do setor.
O Boletim Guia Clima da Embrapa Agropecuária Oeste registrou
condições favoráveis à ocorrência de geada forte durante o final de semana.
“Teve
muita geada na região sul. Dourados teve temperaturas mínimas de 0.9ºC sábado e
domingo, Rio Brilhante 0.3ºC e -1.4ºC, e Amambai 0.10ºC”, detalhou o
agrometeorologista Carlos Ricardo Fietz, pesquisador da Embrapa Agropecuária
Oeste.
Para
ele, porém, quem seguiu a recomendação do zoneamento e semeou até 10 de março
dificilmente vai ter algum problema. “A geada aqui na Embrapa foi bem forte.
Mas não escutei quase ninguém reclamando”, disse.
Segundo
o agrônomo Stefano Gonella, que cultiva 1,5 mil hectares na região do Carumbé,
município de Itaporã, não houve danos significativos. “Na região de Itaporã a
geada não chegou a afetar muito o milho safrinha. Só algumas áreas que
plantaram fora do zoneamento e pastagem que afetou. A geada foi meio
localizada”. informou.
Com
50% da área já colhida, ele tem obtido produtividade média de 100 sacas por
hectare e espera finalizar o trabalho até agosto. “Vamos entrar na metade final
e milho está mais fraco porque pegou seca em abril, a produção vai diminuir
agora. A média do município deve ficar em torno dos 80 sacos por hectare,
melhor do que no ano passado”, detalhou.
Consultor
com clientes em diversos municípios sul-mato-grossenses, o agrônomo Otávio Vieira
de Melo destaca ter percebido sinais de danos da geada em algumas regiões, como
Ponta Porã, Antônio João, Maracaju, e Sidrolândia, onde o plantio ocorreu mais
tarde.
“A
gente está avaliando, mas afetou o milho plantado fora de época, de 10 até 30
de março, e nas áreas mais baixas. Não estamos conseguindo estimar a perda
ainda, mas isso vai ser possível até terça ou quarta-feira da próxima semana”,
ponderou.
Na
área em que cultivou 250 hectares, no município de Itaporã, a colheita deve ter
início nos próximos 10 dias. A expectativa é uma produtividade de até 100 sacas
por hectare.
O
otimismo é também reflexo das projeções do setor. No final de julho, o Siga MS
(Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio) revisou a estimativa de
produção do milho safrinha para 10,127 milhões de toneladas, volume 6% superior
ao previsto anteriormente, de 9,5 milhões de toneladas.
Os
primeiros dados apurados no início da colheita indicaram lavouras colhendo até
mais do 100 sacas por hectare. Isso motivou revisão da produtividade de 83
sacas por hectare para 88 sacas por hectares.
Na
quinta-feira (11), a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou o 10º
Levantamento da Safra de Grãos 2018/2019, com estimativa de 240,7 milhões de
toneladas de milho produzidas nessa safra em todo o Brasil. Desse total, 9.960
milhões no Mato Grosso do Sul, terceiro maior produtor nacional.
Fonte: Dourados News