Agrotóxico made in China invade MS
DOF apreendeu mais 380 quilos de produtos
contrabandeados do Paraguai e prendeu dois contrabandistas
Boa parte do produto fabricado na China e de comércio proibido do Brasil sai do Paraguai com destino a outros estados, principalmente regiões produtoras no Mato Grosso, Paraná, Goiás e São Paulo, mas um percentual considerável é usado nas lavouras sul-mato-grossenses.
Anteontem, mais 380 quilos foram apreendidos pelo DOF em Laguna Carapã. O produto estava em uma caminhonete Ford Ranger branca conduzida por um homem de 37 anos. O batedor da carga, de 46 anos, que viajava em uma S10 branca, também foi preso. Os dois foram autuados em flagrante na Polícia Federal em Ponta Porã. O crime de contrabando tem pena prevista de dois a cinco anos de prisão.
Assim como acontece com a
cocaína e a maconha, Mato Grosso do Sul virou corredor de agrotóxico ilegal,
mais barato e mais potente que os produtos vendidos legalmente no Brasil, mas
muito mais ameaçadores ao meio ambiente e à saúde humana.
Pesquisa do Idesf
(Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras), divulgada em
junho deste ano, revela que Ponta Porã é uma das portas de entrada de
agrotóxicos vindos do Paraguai.
Os produtos cruzam a
fronteira seca em Pedro Juan Caballero e seguem por estradas rurais de difícil
fiscalização. Depois são escondidos em cargas legais de grãos ou outros alimentos
e seguem para os centros consumidores.
O estudo do Idesf aponta
que a China está entre os principais fornecedores das substâncias que entram de
forma ilegal no Brasil.
O agroquímico costuma chegar de navio, mas o transporte aéreo também é utilizado. As embarcações atracam nos portos de Iquique e Antofagasta, no Chile, de onde são contrabandeados para as cidades fronteiriças paraguaias de Ciudad del Este, Salto del Guairá e Pedro Juan Caballero.
No Paraguai, o defensivo ilegal entra disfarçado, identificado como desinfetante, inseticida, herbicida, artigos para limpeza e produtos químicos para a indústria.
Segundo o Idesf, o contrabando de defensivos agrícolas tem se mostrado rentável, resultando em perdas de até R$ 20 bilhões anuais à economia brasileira –sem falar em prejuízos para o meio ambiente e a própria saúde da população, já que alguns desses agrotóxicos têm concentrações de químicos até 600% maior que a autorizada no Brasil.
Exemplo é o benzoato de emamectina,
usado no combate à helicoverpa – lagarta comum em lavouras de soja que teve
aprovação provisória e emergencial em seis Estados até julho deste ano, com concentração
máxima de 5%.
No Paraguai, o limite é de 10%, porém, os produtos contrabandeados chegam a ter concentração 600% superior ao liberado no Brasil.
Fonte:
Diário MS