Político encomendou assassinato de radialista por R$ 30 mil
Postado
29/01/2019 09H47
Denúncia contra vereador foi oferecida pelo promotor Luiz da Silva Souza, do Pará. Político é acusado de mandar matar o radialista Jairo de Souza
O
promotor Luiz da Silva Souza, de Bragança, no Pará, ofereceu denúncia contra 11
pessoas envolvidas no assassinato do radialista Jairo de Souza, entre elas, o
vereador Cesar Monteiro Gonçalves (PR), acusado de ser o mandante do crime.
Segundo os autos do inquérito, o crime foi encomendado a um grupo de extermínio
e teria custado R$ 30 mil. O motivo seria a insatisfação de um grupo político
diante das denúncias do radialista. De acordo com testemunhas ouvidas no
inquérito, foi realizada uma “vaquinha” para arrecadar o valor combinado com
José Roberto Costa de Sousa, vulgo Calar, que chefia o grupo de matadores. O
vereador Cesar Monteiro ficou responsável pela negociação da morte.
O
radialista foi morto ao subir a escadaria que dá acesso à Rádio Pérola FM em 21
de junho de 2018, por volta das 4h50min. Sousa chegava ao trabalho para
apresentar seu programa matinal “Show da Pérola”, que ia ao ar das 5h às 9h.
Depois de trancar o portão de ferro e subir alguns degraus, ele foi baleado por
Dione de Sousa Almeida, com dois tiros que atingiram o tórax.
O
assassinato do radialista Jairo de Sousa foi o segundo caso tratado dentro do
Programa Tim Lopes, desenvolvido pela Abraji (Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo), com apoio da Open Society Foundations, para combater
a violência contra jornalistas e a impunidade dos responsáveis. Em caso de
crimes ligados ao exercício da profissão, uma rede de veículos da mídia
tradicional e independente é acionada para acompanhar as investigações e
publicar reportagens sobre as denúncias em que o jornalista trabalhava até ser
morto. Integram a rede hoje: Agência Pública, Correio (BA), O Globo, Poder 360,
Ponte Jornalismo, Projeto Colabora, TV Aratu, TV Globo e Veja.
Outro caso
O
primeiro caso tratado no programa foi o assassinato do radialista Jefferson
Pureza, de 39 anos, em Edealina, no interior de Goiás, que completou 1 ano no
último 17.jan.2019. O comunicador foi morto com três tiros no rosto, enquanto
descansava na varanda de sua casa. O crime foi negociado por R$ 5 mil e um
revólver 38. Os seis acusados de envolvimento no crime continuam presos. Três
adolescentes cumprem medidas socioeducativas: um seria o atirador, o outro
teria pilotado a moto e o terceiro, indicado os dois para o serviço. O vereador
José Eduardo Alves da Silva, acusado de ser o mandante, Marcelo Rodrigues dos
Santos e Leandro Cintra da Silva foram citados na sentença de pronúncia do juiz
Aluizio Martins Pereira de Souza, da comarca de Jandaia, no final de dezembro
de 2018.
Denúncia sobre
desvio de verbas em Bragança
Segundo
o inquérito, o crime contra Jairo foi cometido em razão do trabalho do
radialista, “que fazia sérias críticas a políticos da região Bragantina, em
razão de supostos desvios de verbas públicas”. Depois que o grupo político
decidiu pelo assassinato, o vereador Cesar Monteiro negociou o preço e José
Roberto, mais conhecido como Calar, passou a monitorar a rotina do radialista e
visitar antigos endereços onde Sousa morou. Uma das testemunhas disse que sabia
do crime uma semana antes porque o próprio Calar comentara que realizaria uma
tocaia para executar o radialista. No entanto, a emboscada não surtiu o efeito
esperado pelos bandidos.
Segundo
consta nos autos, um dos motivos para o envolvimento do vereador Cesar Monteiro
no crime foi o fato de que o radialista revelava irregularidades cometidas pela
empresa Torre Forte, que está registrada em nome de dois sobrinhos do vereador.
A
escolha de Diones para ser o atirador foi feita porque ele era desconhecido na
cidade de Bragança, ao contrário de Calar. Segundo o documento do MP, também
integravam o grupo de extermínio os indiciados Edivaldo Meireles da Silva
(“Mãozona”), Jadson Roberto Reis de Sousa (“Jaco”), Jedson Miranda da Silva
(“Nego do Mozar”), João Carlos Lima de Castro (“Joãozinho”), Madson Aviz de
Melo (“Macio”), Moisanil Sousa da Silva (“Mozar”), Otacilio Antonio da Silva e
Sidiny Raymond da Silva Reis. Esse grupo é responsável pela prática de vários
crimes de homicídio na região Bragantina.
Segundo
as investigações, Otacilio Antonio, genro de Calar, tinha a função de olheiro,
monitorando as vítimas, além de fornecer armamento para o grupo. Já Moisaniel
exercia a função de armeiro e também fornecia veículo para os crimes de
encomenda. Os outros integrantes participavam diretamente das execuções.
Fonte: Comunique-se
Categoria:Música